Núcleo OBEDUC - MG/RJ/RS

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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

OS MESTRADOS PROFISSIONAIS EM FÍSICA NO CONTEXTO DOS DEMAIS MESTRADOS PROFISSIONAIS BRASILEIROS.

XV Encontro de Pesquisa em Ensino de Física – Maresias – 2014 1
OS MESTRADOS PROFISSIONAIS EM FÍSICA NO CONTEXTO
DOS DEMAIS MESTRADOS PROFISSIONAIS BRASILEIROS.
THE PROFESSIONAL MASTERS IN PHYSICS IN CONTEXT OF
OTHER PROFESSIONAL BRAZILIAN MASTERS.
Larissa Alves Cardoso1, Mara Regina Batista2, Polyanna Lobo Caetano3,
Silvania Sousa do Nascimento4
¹
UFMG /DMTE/FAE, larissa.alves.cardoso@gmail.com
2UFMG /DMTE/FAE, mararbaptista@gmail.com
3UFMG /DMTE/FAE, polyannacaetano@hotmail.com
4UFMG /DMTE/FAE, silvania.nascimento@gmail.com
Resumo
Este trabalho tem como objetivo traçar um panorama dos mestrados
profissionais em ensino de física no Brasil, no contexto de implantação dos demais
MPs. Através do refinamento de busca, seguimos o caminho: MPs de outras áreas
do conhecimento, MPs de ensino, até chegarmos aos 7 MPs de ensino de física. O
estudo foi realizado através de busca realizada no banco de dados da CAPES,
utilizando diversos descritores provindos do mesmo campo semântico. Verificamos
em seguida nos sites das universidades proponentes mais detalhes dos programas.
Comparamos então histórico, grade curricular, ementas, corpo docente e ano de
implementação do curso, com o objetivo de obter uma visão geral de como está
sendo a instalação desses MPs no Brasil e como ocorre formação de professores
nestas instituições. Identificamos que os currículos dos MPEFs se propõem
explicitamente a serem veículos para a evolução e melhoria do ensino de Física,
seja pela ação direta em sala de aula, seja pela contribuição na solução de
problemas educativos em Física, nos níveis fundamental e médio. Constatamos
também algumas particularidades a respeito dos MPEFs, no que concerne a sua
distribuição geográfica, aplicação do conteúdo disciplinar e da urgência da sua
criação no cenário do ensino de física, devido à falta deste profissional no mercado
e/ou a existência de profissionais sem qualificação. Concluímos com uma reflexão
sobre a criação dessa modalidade de pós-graduação, e sua importância para os
seus discentes e para o mercado de trabalho.
Palavras-chave: Mestrado profissional; ensino de física; formação de
professores; conteúdo pedagógico.
XV Encontro de Pesquisa em Ensino de Física – Maresias – 2014
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Abstract
This article aims to do an overview of the Professional Master's in Physical
Education in Brazil. We select and categorize seven academic programs in physical
education, which fulfilled the criteria proposed for the work. First of all, we did this
study analyzing historical facts, curriculums, faculties, suggested bibliography, year
in which the courses began, in order to obtain an overview focused on the training of
teachers in continuing education.Secondly, we identified that the curriculums are
proposed to act like facilitators in the development and improvement of education in
physics, either by direct action in the classroom or the contribution in solving
educational problems in physics at primary and secondary levels, and on the upper
standard in training teachers in master in physics or related fields. Also, MPs courses
were developed to meet the given demand by this curriculum, considering the
content related to teaching and learning of physics. As a summary, this study allows
us to infer by that the proposed curriculums and the literature indicated that the MPs
of physical education can help teachers in understanding the theoretical conception,
reflection and characterization of real life experience, in addition to enabling them to
problematize their daily work on scientific bases.
Keywords: Professional Master's Program, physical education, teacher
education, educational content.
Introdução
Criado pela portaria nº 80/CAPES em 1998, o mestrado profissional (MP) é
uma modalidade de formação de pós - graduação stricto sensu, que tem como foco
suprir as demandas sociais, políticas e econômicas associadas à qualificação de
trabalhadores em serviço. Sua origem remonta à década de 1990, quando o ensino
superior brasileiro passou por diversas mudanças e reformulações legais, sob a
influência das agências internacionais de financiamento. Quelhas et. al (2005, pg.
99).
O mestrado profissional é uma modalidade de formação que, a partir de
uma visão horizontal/vertical do conhecimento consolidado em campo
disciplinar (com as evidentes relações inter e multidisciplinares), busca
enfrentar um problema proposto pelo campo profissional de atuação do
aluno, utilizando de forma direcionada, verticalizada, o conhecimento
disciplinar existente para equacionar tal problema. Não se trata de repetir
soluções já existentes, mas de conhecê-las (horizontalidade) para propor a
solução nova.
Não é o caso, portanto, de ensinar técnicas isso seria o objeto de um curso
de especialização. No caso do mestrado profissional, o objetivo é um
direcionamento claro para encontrar o caminho da resposta a uma pergunta
específica proposta pela área profissional ou identificada pela Universidade
como algo que deve ser investigado e solucionado naquela área.
A indução da criação desse tipo de mestrado pela CAPES teve significativo
impacto na área de Ensino de Ciências e Matemática, na qual, hoje, constatamos
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um maior número de cursos de MP do que de mestrado acadêmico (MA) 39 e 32,
respectivamente, dentre 91 cursos e 72 programas.
Dentro deste contexto, o MP em Ensino de Física tem de modo geral, um
caráter de preparação profissional na área de licenciatura e vem atender a demanda
de dois tipos de profissionais: pessoas graduadas em física e pessoas de outras
áreas do conhecimento que exercem a prática docente nesta área, devido à
escassez de professores de física nos Ensinos: Fundamental e Médio, por diversos
fatores.
O objetivo deste artigo é fazer um panorama dos MPEFs no Brasil inseridos
no contexto dos demais MPs.
Metodologia
Para cumprir com os objetivos do nosso estudo, primeiro buscamos a
Relação de Cursos Recomendados e Reconhecidos no ano de 2013, no banco de
dados da CAPES. Encontramos então uma ¹tabela contendo: área de avaliação,
programa e cursos de pós-graduação, totais de cursos de pós-graduação. Esta se
divide em 49 grandes áreas, dentre as quais, somente 64 têm MPs.
Depois delimitamos nossa pesquisa, por área de avaliação, de posse da
referida tabela, utilizamos três estratégias de busca conforme indicado por Lopes
(2002, p. 64). Na primeira utilizamos descritores isolados, por exemplo, a palavra
(ensino), o que nos possibilitou o resgate de um grande número de informações
relacionadas a este contexto; na segunda utilizamos descritores em conjunto
(Ensino; Ciências) e tivemos como resultado todos os mestrados que apresentavam
os dois descritores ou qualquer deles isoladamente; e por ultimo utilizamos os
descritores (Ensino de Física) que era nossa área de interesse. Para atender nossa
demanda de investigação, a forma de levantamento selecionada, depois de
utilizarmos as três estratégias de busca propostas, foi a concatenação de descritores
associados, “ensino de física”
No levantamento proposto usamos também outros descritores que julgamos
relevantes: Ensino, Ensino de física, aprendizagem, formação, processos de ensino,
educação, praticas de educação, projetos educacionais, linguística em ensino.
Uma vez listados os MPEFs, passamos a analisar: o histórico1, grade
curricular, ementas, corpo docente, ano de implementação do curso, com o objetivo
de obter um diagnóstico de cada mestrado proposto.
Resultados
Aplicando este conjunto encontramos o total de 540 MPs no Brasil, nas
grandes áreas de avaliação da CAPES, sendo que 86 destes MPs são de ensino,
dos quais 7 são de ensino de física. O que se pode verificar na figura 1.
1 Os sites das instituições de ensino, que possuem os MPEFs, chamam de histórico o link que contém
a trajetória de criação do curso
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Figura 1: mapeamento dos MPEs.
Constatamos que os MPs em ensino estão mais concentrados nas regiões:
Sudeste e Sul, e que isto se intensifica no estado do Rio de Janeiro. Inferimos que a
predominância dos MPEs nestas localidades está relacionada ao fato destas serem
pólos de produção científica e industrial no Brasil. Pois de acordo com Albuquerque
et al. (2001) há uma alta concentração das atividades inovativas no centro-sul do
pais, principalmente no Sudeste. Enfatizando a localização das atividades científicas
e tecnológicas em bases municipais no Brasil
O próximo passo foi a construção de uma tabela com alguns dados relevantes
para análise (tabela 1). Depois confrontamos estas informações, e outras, por
exemplo: histórico, grade curricular e ementas dos cursos e/ou das disciplinas.
Percebemos que os MPEFs estão locados somente nas instituições de ensino
públicas e que dois deles possuem as seguintes nomenclaturas (Ens. de
Astronomia; Astronomia).
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Tabela 1: Síntese dos dados dos MPEFs.
Quanto às disciplinas, encontramos grande discrepância no que tange a
quantidade e ao equilíbrio entre conteúdo de ensino de física e conteúdo
pedagógico. Essa questão está explicitada na figura 2.
Figura 2: Gráfico conteúdo disciplinar – MP Física.
Chamamos de conteúdo disciplinar o conjunto de disciplinas que compõem o
programa do curso definido a partir de suas ementas. Esse conteúdo é dividido em
conteúdo de ensino de física – CEF, no qual o enfoque é no conhecimento física e
do conteúdo pedagógico- CP, onde há nas ementas a explicitação de uma
abordagem sobre os aspectos didáticos e metodológicos do conteúdo. Talvez estas
diferenças se devam a falta de um órgão organizador, que de conta do planejamento
do currículo, tanto na quantidade das disciplinas ofertadas, quanto na divisão entre
CP e CEF. Isso também pode ser um reflexo do pouco tempo de existência desta
MESTRADOS PROFISSIONAIS EM ENSINO DE FÍSICA
PROGRAMA INTITUIÇÃO PÚBLICA/
PRIVADA
ANO DE CRIAÇÃO
ENSINO DE FÍSICA
SBF/ SP PÚBLICA -
ENSINO DE
ASTRONOMIA
USP / SP
PÚBLICA
2013
ASTRONOMIA
UEFS / BA
PÚBLICA
2012
ENSINO DE FÍSICA
UFES /ES
PÚBLICA
2011
ENSINO DE FÍSICA
UFRJ / RJ
PÚBLICA
2007
ENSINO DE FÍSICA E
DE MATEMÁTICA
UNIFRA / RS
PÚBLICA
2004
ENSINO DE FÍSICA
UFRGS / RS
PÚBLICA
2002
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modalidade de pós-graduação, que ainda está sendo estruturada, já que o mais
antigo data de 2002.
Considerações finais
O presente artigo buscou dar o panorama dos MPEFs no Brasil no que tange
sua estruturação e apontando como eles têm sido instalados no território brasileiro.
O caminho feito foi encontrar os MPs existentes, descobrir a sua localização,
identificar quais eram de ensino e dentre eles, destacar os MPEFs, que são o foco
do nosso estudo.
Depois de analisarmos: histórico, grade curricular, ano de criação do curso
dos 7 MPEs encontrados, concluímos que o conteúdo disciplinar não é padronizado,
o que nos faz pensar que cada coordenação dos cursos estrutura o seu respectivo
MPEF de acordo com os seus próprios parâmetros. Há também uma gritante
diferença na oferta dos: CP e CEF, pois algumas instituições ofertam mais CP; um
segundo grupo, CP e CEF mais ou menos na mesma proporção, e um terceiro
grupo, mais CEF.
Tal reflexão, sobre a formação de professores, também é produzida por
outros autores (MARANDINO, 2003; SCHNETZLER, 2000; PÉREZ GÓMES, 2002)
que tem apontado e criticado o predomínio do modelo de formação no qual o
professor é concebido como técnico, e sua atividade profissional como aplicação de
teorias e técnicas na solução de problemas, ou seja, dirigida por uma racionalidade
instrumental ou técnica..
Reconhecendo que os atuais cursos de formação de professores impõem
saberes em um movimento de reforma de ensino moldados pela racionalidade
técnica, Villani e Freitas (2002) culpabilizam essa concepção de formação pela
dificuldade de mudar o ensino, por não levar em conta os saberes dos professores,
sua experiência e o contexto no qual eles ensinam. Dessa forma, é possível
encontrar profissionais pouco capacitados na prática docente, com poucas
ferramentas pedagógicas, por fatores diversos, revelando uma realidade
preocupante para cenário Educacional.
Referências
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distribuição espacial da produção científica e tecnológica brasileira: uma
descrição de estatísticas de produção local de patentes e artigos científicos.
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em:
http://www.capes.gov.br/images/stories/download/avaliacaotrienal/3RegulamentoPro
fissionalTrienal07.pdf. Acesso em: 2014.
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file:///C:/Users/ddc/Downloads/EPEF_2014.pdf

Um comentário:

  1. É importante este tipo de trabalho que dá uma visão geral dos cursos existentes, porém no texto disponível não constam os gráficos e a tabela está desconfigurada. Seria possível disponibilizar o arquivo em pdf? (O link constante não é adequado.)
    Desde já agradeço
    (Não costumo conferir emails no gmail. Se possível, favor responder para eav at if.ufrgs.br)
    Eliane

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